:: enfim, apareceu aquele pôr do sol...

8.12.06

Soft Dreams - The Organ Grinder ( O realejo ) : Cap.1


A companhia de circo Del Mundo ,enfim tinha chegado a um pequeno e remoto vilarejo chamado Rio das Pedras. Um lugar tranqüilo que ficava às margens de um rio próximo a um vale rico em minérios de ferro. Cruzava, ali, uma estrada ferroviária que atravessava em direção as cadeias montanhosas, cobertas de neve nesta época do ano.
O povo aguardava ansioso pela estréia do parque de diversões e do grande circo Del Mundo, a principal atração. Carrossel,roda-gigante,tiro ao alvo,espelho mágico ,tudo isso e muito mais estariam à disposição oferecidas pela companhia. Jonatham Wilham Jones era neto de Paul Sebastian, um bondoso homem velho que costumava tocar realejo na pequena praça do vilarejo . O avô mal tinha dinheiro para seu próprio sustento, as economias, às vezes, não eram suficientes. Jones desejava muito brincar no parque que havia chegado e mesmo sem ter um trocado no bolso, a enorme vontade de conhecer algo novo e atraente acabou tomando conta da sua mente. O agitar das pessoas nas ruas indo em direção ao parque era tanto que contagiou seu coração. Foi correndo, indo ao encontro da multidão que se direcionava a este grande evento que possuía o circo como grande atração.


Era um mundo de sonhos, coisa que jamais havia visto, o menino estava totalmente deslumbrado, porém, sentia que jamais conseguiria entrar. A fila parecia não ter fim, e havia muitos guardas presentes, controlando a entrada. E como se tivesse invisível, infiltrou-se, agilmente, não sendo visto pelos seguranças na bilheteria.Ao entrar dentro no parque, sentia-se nas nuvens, poderia, afinal, andar em todos os brinquedos que sempre apareciam em seus sonhos.
Resolveu assistir à primeira sessão do espetáculo circense e se deslumbrou-se, porém a apresentação dos palhaços, o intrigou.A noite caía tranqüila e, Wilhiam Jones totalmente deslumbrado, esquecia das horas que passavam. Naquele momento, era anunciada mais uma vez o grande espetáculo do circo. A multidão eufórica dirigiu-se para assistir ao show. No entanto, Jones ainda aproveitava os brinquedos. Após o término do espetáculo, o público rumou aos seus lares. Todavia, o pequeno Jones não queria ir embora, estava teimosamente agarrado nos ferros do carrossel. Quando foi solicitada a sua retirada do brinquedo, ele recusou. Então foi surpreendido por um dos seguranças que o pegou pela orelha e retiraram-no do carrossel.Assustado, mordeu a mão do homem, desvencilhando-se em direção ao circo. Às pressas, entrou por baixo da lona, adentrando em seu interior.Os seguranças e alguns guardas foram à procura do menino, pois o parque estava por encerrar todas as atividades destinadas ao grande público. Então, resolveram entrar para averiguar se o garoto estava por ali. Porém, Jones havia se escondido embaixo dos fenos dos cavalos.
Mais tarde certificando-se que os seguranças não estavam mais ali ao redor, ficou apenas observando, naquele momento, o ensaio de alguns trapezistas . Durante horas a fio, contempla os maravilhosos números dos artistas até que cair em um profundo sono.


No meio da noite, Jonas começa a ter fortes pesadelos, lembrando-se das cenas circenses de outrora, em que os palhaços jogavam no chão o velho realejo que não tocava, e também ouvia as gargalhadas ecoando do público. De súbito, a imagem congela em seus sonhos – e apenas o realejo fica a emitir suaves melodias. E o toque do realejo, Jonas vai sendo conduzido sobre uma névoa ao som que o encanta ,como se estivesse enfeitiçado. Era como cantos de sereias, ou a flauta de um encantador de camundongos .Ele estava sendo conduzido e seu corpo não mais o obedecia naquele momento.Era algo mágico e agradável ,parecia estar flutuando.O passado e a estória eram contados pelas músicas alegres e às vezes melancólicas , doces melodias .De repente, acorda amedrontado, vendo-se em um lugar completamente escuro onde o elenco dormia em seus reservados. E com os olhos pregados naquela cena, apavora-se, saindo correndo desordenadamente e entrando, sem querer, em uma sala de depósitos de acesso proibido, onde se guardavam objetos utilizados nas apresentações. Ao entrar, tropeça em um móvel, caindo dentro de um baú. Nesse exato instante, a tampa fecha-se com estrondoso impacto sobre sua cabeça.Um artista que, ali perto, dormia, acordou-se com o barulho estranho. Calça os sapatos e segurando uma lamparina, caminha até o local para averiguar o incidente. Ao atravessar a porta do depósito, tropeça no objeto que fez Jonas cair, ao mesmo tempo em que deixa escapar a lamparina que cai sobre um rastro de pólvoras que logo atinge a caixa onde havia explosivos de efeitos especiais e armazenamento do canhão do homem-bala.A iminência de uma tragédia começava esboçar os primeiros sinais. Em seguida, houve uma grande explosão que faz Jonas ficar desacordado.

Capítulo 2 : Indo no Trem.


Percebendo um movimento estranho, Jones reparou no trepidante balanço do assoalho e, de repente, consegue desvencilhar-se da cerrada tampa do baú e, para sua a surpresa, o realejo estava junto a si. Logo, viu-se dentro de um misterioso vagão de trem da companhia Del Mundo que rumava a um próximo povoado.Ao desembarcar na cidadezinha, notou que lugar onde estava era deveras parecido com o local onde morava, e que todos os preparativos da companhia estavam sendo organizados tal qual em seu vilarejo.Ao entrar no parque,percebeu,que a melhor idéia era permanecer dentro do baú .Tudo era maravilhoso,havia brinquedos,pipocas,algodão doce,maçãs do amor,amendoim à sua disposição igual na sua .No circo tudo era fascinante,porém notou que as apresentações dos palhaços lhe causavam um leve mal estar,mas ele não da muita importância, pois, de maneira geral,achava que estava vivendo um grande sonho.Na manhã seguinte, encontrou-se novamente no vagão do trem e deduziu estar indo para um lugar diferente. Ao chegar, teve uma grande surpresa, pois encontrava-se no mesmo local do dia anterior, mas não deu muita importância, e para não ser notado, resolveu entrar no parque às escondidas dentro do baú.Os dias foram passando e aquela interminável alegria, aos poucos, se esvaía. E a rotina de Jones configurava-se como um mar de enfado. Já não mais agüentava ver o número dos palhaços, pois aquilo lembrava muito seu avô tocando realejo, e sentia uma imensa vontade de estar perto dele.Ao notar que estava sempre no mesmo lugar,ouvindo sempre os mesmos aplausos, as mesmas gargalhadas e os repetitivos números circenses, notou haver uma estranhava coincidência - um ciclo repetitivo dos acontecimentos.No outro dia, o trem rumava e, mais uma vez, a mesma cidade. Ao ouvir uma voz interior. teve em um ímpeto de certeza de querer romper, mais do que nunca, a repetição que o prendia. Sacou do baú o realejo, e lançou seu corpo junto a caixa musical para fora do vagão de trem.Declive abaixo, Jonas rolou em suave vegetação, segurando o realejo, conseguindo, dessa forma, libertar-se do ciclo do mundo dos desejos. Ouviu a mesma voz novamente:“Não temas por onde andares. O deserto é tua estrada.Vais encontrar um alguém dentro de ti que fará com que tu não te percas. Nunca esqueças da noite e das estrelas do céu, um frio que corta na alma e da escuridão que devora. O mesmo sol que vagueia o dia poderá te encaminhar a um caminho frio e até mesmo conduzir a um abismo ou te levar à loucura.Há um alvo que eu vejo bem no fim do túnel. Não há tempo a perder. A estrada é longa e o vento bate atrás com toda a força pra fazer voar.O ar é a imensidão e haverá um lugar inesperado.Se houver um motivo a mais,não volte para trás. A certeza existe e ela irá despertar e brotar no seu coração.”


Dias e noites, Jones caminha sem descanso, tentando achar o caminho de volta para casa. Exausto, percebe ao longe imensos balões coloridos em uma festa de balonismo.Então,ficou a admirar a belíssima paisagem em sua volta. Havia muita comida e bebida à seu disposição. Estava muito curioso com todo aquele incessante agitar de cores. Aproxima-se do cesto do balão, vendo, em seu interior, uma linda cama confortável e com alguns mantimentos. Logo, resolve relaxar sobre o colchão que lhe chamava, dormindo bem abraçado com o realejo. Porém, um enorme vendaval, aproxima-se, fazendo com que o balão desprenda-se do solo, indo a voar pelos ares.

Capítulo 3 : Dentro do balão


Ele voa sobre imensas colinas e vales jamais vistos antes,e tamanha era a beleza do mundo visto de cima. Lugares floridos, grandes lagos, paisagens exuberantes enchiam os olhos do pequeno aventureiro.


Ao findar da tarde , o balão começa perder altitude e a eminência de se chocar a um enorme rochedo de um penhasco estava se aproximando cada vez mais, parecia o final da sua aventura.Em seu máximo desespero, começou a jogar saco de areia ,mantimentos e tudo que via em sua frente.Tudo era inútil ,o balão estava para se colidir a qualquer instante.Chegou a pensar até em jogar seu realejo para fora da barquinha. No momento em que estava se preparando para jogá-lo, milhares de pássaros agarraram-se às cordas do balão e em esforço de um corpo único começaram a bater asas intermitentemente, fazendo-o subir e escapar por um triz do perigo.


Jones agora esta a salvo pois , ganhava, cada vez mais, altitude. Ele não compreendia o motivo dos pássaros o terem ajudado. Seguiram em elevação até atingirem os limites mais altos que ele suportaria. A noite caía e estavam em suspensão estabilizada e, então, o balão rumou sobre um oceano desconhecido durante a noite toda. Jones, extasiado, contemplava o firmamento e logo adormeceu.


Na manhã seguinte, o balão já tinha perdido altitude, estava abaixo das nuvens e tudo indicava uma forte ventania a caminho. O céu escureceu lentamente, raios e trovões começaram aos poucos emitir sinais de uma forte tempestade. Jones mirou para o mar que começava a se agitar.


Transcorreram alguns instantes e o cenário tornou-se caótico. Não havia meios de fugir do enorme furacão que se aproximava. Logo o balão foi envolvido pelas correntes de ar e foi pego pelos braços do mortal carrossel gigante. Jonas girava sem parar dentro do cesto que o protegia, caindo em um mar monstruoso de enormes ondas junto a um redemoinho que se formava junto ao furacão e sendo tragado às profundezas do fundo do oceano. Era o seu pior pesadelo.


Inconsciente, agarrado em seu realejo, sentia que tudo estava perdido e que desta vez era para sempre.As águas ainda continuavam a girar numa freqüência elíptica fulminante. Entre a agitação do turbilhão, golfinhos, baleias, arraias, tubarões e muitos peixes começaram a nadar em direção oposta ao redemoinho. Inesperadamente, o redemoinho começou a parar de girar e o cesto do balão emergia à superfície trazendo Jonas de volta. Ainda desorientado, porém aliviado do grande susto, retoma sua consciência aos poucos. A bonança, por fim, se estabelece e as correntes marítimas vão o conduzindo à uma ilha de aspecto misterioso. Jones vai se aproximando do solo firme, não vendo a o momento de desembarcar. Havia ao redor deste arquipélago, grandes barreiras corais ,com uma diversificada vida marinha.Logo mais, chega ao seu novo destino. Muito cansado, salta do compartimento onde estava e vai à procura a ilha de algo para comer.



O sol já batia acima da sua cabeça, quando encontrou uma vertente que descia da enorme montanha que ficava no centro da ilha.Voltou a praia e decidiu descansar alguns minutos.Assim que reavivou suas forças ,amarrou o realejo em suas costas e partiu para subida em direção ao alto da montanha. Logo mais, descobre uma trilha que facilitaria sua escalada, mas não percebe um novo perigo o aguardava no decorrer do trajeto. Jones estava muito apressado, pois anoiteceria em breve , e começava a cair leves gotas d’água em seu corpo.Deu alguns passos e sem notar pisou em um lamaçal escuro cujas vertentes de águas, passavam todo instante, criando pequenas poças.Quando Jones dá o próximo passo, se vê preso naquela espécie de areia movediça. Vai afundando, aos poucos, à medida que vai lutando e debatendo-se para se ver livre. Encontrava-se em uma difícil situação: não podia fazer nada, e aos poucos ia desaparecendo ao misturar-se com a lama. Quando ia afundar de vez, as vegetações e raízes das antigas árvores, prenderam-se em seu corpo, abraçando-o, firme, porém, muito suavemente e o puxaram da areia fatal.


Jones estava salvo mais uma vez, e o que lhe intrigava o espírito eram as criaturas, os pássaros, seres do mar e essas árvores, terem salvo a sua vida de forma inusitada. Respirou um pouco tomando coragem para continuar a longa subida que tinha pela frente. Chovia torrencialmente e a noite já chegava, faltavam ainda alguns metros para atingir o topo.A fadiga e o cansaço davam sinais que era hora do corpo repousar. Avistou um abrigo entre as rochas,guardou o realejo e dormiu ao som da chuva que se intensificava ainda mais.Antes do sol nascer, amarrou o realejo em seu corpo e seguiu até o cume da montanha. O dia parecia ser perfeito, a chuva havia cessado quando os primeiros raios de sol começaram a aparecer, Jones finalmente chega ao limite da subida. Ao deparar-se com o imenso vale perdido, cheios de florestas e grandes campos floridos, cachoeiras, frutos silvestres, um rico lugar de sonhos, onde nenhum ser humano havia sequer imaginado a existência.Jones procurou desfrutar de todos os cantos daquele vale e usufruir todas as belezas e paisagens que lá havia. Tudo era perfeito para ele, corria pelos campos e observava toda a extensão do oceano. Estava satisfeito e pois aplacou sua sede bebendo muita água potável vindo das diversas fontes ,além das frutas que pode saboreá-las com muito prazer. O dia estava perfeito, bastou a ele contemplar um lindo pôr-do-sol formado entre algumas nuvens dispersas, surtindo um efeito magnífico de cores de fogo no céu.Sol se pôs por completo, restaram apenas algumas nuvens de beleza singela que logo foram perdendo suas colorações. Começa mais uma etapa da noite, a lua começa aos poucos dar sinais de sua bela presença junto ao poente. À medida que ia escurecendo, e a noite tomando forma, a lua brota cheia e muito intensa. Algumas estrelas parecem ofuscadas, devido a tamanha luz brilhante por ela irradiada.Havia sido um dia muito intenso e deveras aproveitado por Jones. Observou o lindo céu, adormecendo com o clarão da lua.

Capítulo 4 : Os Seres da Floresta


A madrugada ainda começava e os primeiros cavalos voavam com suas asas para o alto, mergulhando no céu. Imagens de fadas,gnomos, duendes se espalhavam na floresta dos sonhos .Entre os bosques haviam árvores encantadas, ninfas correndo de um lado para outro sem parar. Jonas permanecia em um profundo sono e o tempo nesse admirável mundo tudo parecia estar congelado e a imensidão dos desejos estavam por se realizar.Aos poucos, todas as criaturas da noite foram se aproximando lentamente do menino e uma delas puxou lentamente de seus braços , o realejo. Puseram a caixa no centro da mata e começaram a fazer uma mística celebração entre eles. Neste tempo, todos começaram a dançar e rodar até um pouco antes do dia clarear.


Mal começara o dia e Jones deu por falta do realejo que havia em seus braços. Era uma manhã de forte neblina e, por alguns instantes, sem saber o que fazer ficou muito desolado. Não entendia como desaparecera seu brinquedo precioso.Logo, constatou, alguns metros dali, restos de braseiros no chão e vestígios de fumaça. Então, percebeu que não estava sozinho conforme acreditava. Ao reparar no local, viu rastros luminosos muito fortes que o levavam a um caminho sobre uma mata fechada.Não hesitou e prosseguiu até deparar-se com a entrada de uma caverna escondida pelas vegetações.


Entrando na caverna, observou os fragmentos iluminados deixados pelas criaturas que haviam tomado o realejo. Estava muito escuro, e à medida que Jones entrava ao seu interior,conseguia deslumbrar somente pequenas fagulhas douradas, que se dissipavam no chão, tornando difícil visualizá-las. De repente, pisando em falso na escuridão,o chão se desloca para baixo, caindo num imenso buraco, vai escorregando até ser arremessado a um enorme lago subterrâneo.


Ao emergir de volta à superfície, é arrastado para bem longe pelas fortes correntes d’água. Quando se afastava do lugar da queda , o barulho das águas tornava-se mais intenso adquirindo maior velocidade. Jones,desesperado, debatia-se muito na água, pois notava algo ainda mais assustador: uma gigantesca cachoeira. Toda a água que caia ,voltava sob a forma de um vapor muito forte e denso. Estava prestes a cair, quando jogou seu corpo numa parede de rochas e agarrando-se em uma de suas saliências , conseguindo, assim livrar-se subindo até a margem.


Em seguida, retornou ao local perto onde tinha mergulhado, tentando, de alguma forma, voltar à saída da caverna, mas suas tentativas foram inúteis, pois as paredes internas eram muito lisas e úmidas. Sem nenhuma esperança, sente-se perdido, sem ter para onde ir. Por alguns instantes, fica observando a galeria subterrânea, cujas fontes jorravam sem parar uma intensa vazão de vertentes d’água vindas do alto da montanha pelas frestas das rochas, e que iam em direção ao imenso lago. Notou, que o lago começava naquele ponto, onde exatamente ele estava, pois havia uma imensa parede de pedras que demarcava o início do ciclo das águas.


O forte barulho da corredeira batendo nas pedras acabou fazendo Jones ficar mais calmo e, por fim, relaxar um pouco. Quando fixa seus olhos na lagoa adquire uma paz e um conforto espiritual muito grande, ao ponto de quase faze-lo adormecer. As correntes começavam enfraquecer, as águas tornavam-se cada vez mais transparentes. Então, ele consegue ver o próprio rosto refletindo na água espelhada. Em seguida, no fundo da lagoa, começam emergir milhares de bolhas de ar que diluem a sua imagem até o desaparecimento completo. Gases misteriosos aparecem sob forma de vapor e névoa fazendo-o entrar em um transe profundo; porém, ele ainda mantém a fixidez de seus olhos para o interior do lago.Repentinamente, começam a surgir lembranças, resgatando imagens esquecidas no passado, situações que havia fugido à sua memória há muito, quando ainda seus pais ainda o acariciavam em seu berço. Tudo o que havia esquecido em tempos remotos de sua vida, agora vinha à tona, como se fosse em um filme projetado em sua frente, com toda clareza e nitidez possível.Seu avô sempre contava que os pais do pequeno Jones haviam ido de navio à uma cidade muito distante e, um dia, ele os encontraria. Na verdade, os pais de Jones foram vítimas de um naufrágio. Seu pai se chamava Davisson Gerard, um comerciante de especiarias, e sua mãe, Madalen Elizabeth, uma excelente esposa que quase sempre o acompanhava em seus negócios. Em um dia de revoltosos tormentos marítimos, o navio em que estavam acabou submergindo ao chocar-se contra rochedos que se interpuseram, de súbito, à frente da proa do navio.Absorto em lembranças, via-se brincando ao lado de seu avô, enquanto o velhinho tocava melodias do realejo na praça da cidade. Em seu devaneio, começa a lembrar de cenas mais recentes de sua vida: do momento que entrara no parque, quando o guarda puxava pelo seu braço enquanto brincava no carrossel e até o instante em que a tampa do baú fechou em sua cabeça. Jones começa a suar frio, pois não imaginava o mundo onde tinha ido parar, chegando à conclusão de que tudo o que vivenciara não fazia parte de seu mundo real. Ainda fitando o olhar na lagoa, vai retomando uma imagem, mas ao deparar-se de perto com a visão, assusta-se, enfrentando o desconhecido sem arredar o olhar. A imagem vai se definindo lentamente , e quando, finalmente, surge por inteira, visualiza um homem adulto, de longos bigodes e barba bem amparada. Voltam a mover-se as correntezas, fazendo desaparecer o foco de sua inesperada visão. Em seguida ,o movimento das águas estaciona, fazendo com que conseguisse enxergar sua face refletida na água. Ao olhar a parede de rocha que dividia a galeria, viu-se aparentemente sem saída. Colocou os seus ouvidos na pedra para constatar se o som das águas estavam vibrando do outro lado da gruta, e conclui, de acordo com os ecos a probabilidade de haver alguma passagem . Como não havia nenhuma fenda, buraco, ou alguma passagem que lhe permitisse seguir em frente, pensou que só havia uma ultima chance para escapar de onde estava.Ao olhar o lago , imaginou que somente em seu fundo poderia haver passagem. Não hesitando, encheu seus pulmões cheios de ar tomando todo fôlego e mergulhou profundamente. Chegando ao fundo, nadou intensamente contra a correnteza, vendo uma passagem que a fresta da rocha revelava – era o momento decisivo: era tudo ou nada. Necessitava vencer a maligna correnteza .Impulsionou seu corpo, ainda que seu fôlego estivesse findando, conseguiu prender-se por entre as fendas das pedras. De repente, a corrente acalmou, permitindo-lhe atravessar a passagem para a nova galeria, quando, finalmente, o pequeno herói consegue emergir para o outro lado.

Capítulo 5 : A passagem pelo vulcão


A galeria subterrânea onde estava Jones agora diferenciava-se do primado de rochas onde estava momentos atrás. Havia intensa luminosidade devido ao brilho de grandes cristais das saliências das rochas. Sobre a pequena piscina formada-se córregos d’água distribuída em pequenos canais que desciam por frestas no interior das rochas. Toda a irrigação de lagos, fontes, rios e cascatas provinha daquele pequeno volume de água , no qual sempre trasbordavam as vertentes do alto da montanha.


Haviam muitos túneis com passagens diversificadas, caminhos de labirintos sem-saída e até mesmo lugares de perigosas armadilhas com profundos abismos. Ele tinha uma decisão muito importante a tomar ao escolher qual seria o verdadeiro túnel para seguir em frente. Subitamente, o chão começa a tremer suavemente, e ocorre um pequeno abalo sísmico na ilha. Algumas pedras desprendem-se das rochas que sustentavam as paredes do teto da galeria, Era tempo de Jones não pensar muito em escolher qual o caminho a percorrer. Conseguiu avistar, embora a imensa claridade dos cristais, pequenos grãos dourados refletidos dentro de uma pequena poça de água em frente a uma das entradas dos túneis. Não tinha muito tempo e, rapidamente, entrou percorrendo todo interior do túnel. À medida que penetrava mais no interior, suava muito, a temperatura aumentava muito. Tirou sua camisa, ainda úmida e amarrou-a em sua testa. Observou que estava descendo cada vez mais, avistando uma imensa claridade nos pequenos buracos do túnel. As paredes do túnel estavam ficando de coloração avermelhada pelo imenso calor que ali estava.


Jones tratou de enfrentar a adversidade circunstante, apressando o passo e quando chega mais perto, consegue ver rios de fogo borbulhando lavas escaldantes. O vulcão extinto há milhares de anos havia se precipitado com o tremor da ilha e estava prestes a entrar em erupção.Neste exato instante, ocorre um segundo abalo da montanha, porém desta vez, mais intenso e mais forte. A trilha em que Jones estava percorrendo é afetada quando ele estava próximo às lavas do vulcão.


O túnel é interrompido pela quantidade de pedras que despenca ram devido ao forte tremor. Não havia jeito de prosseguir, e o pequeno Jones retorna até achar uma passagem paralela. Ele encontra uma passagem no meio do túnel, e apesar de seu senso de direção, começa a andar em círculos por várias horas ,até que finalmente avista em um dos túneis onde estava, pequenas luzes voando incessantemente, de um lado para outro. Pareciam pirilampo em frenesi alucinante .Seguindo rapidamente estes seres luminosos, depara-se com a saída daquele labirinto estonteante e as criaturas somem de sua vista.Jones estava prestes a sair da caverna e, sem dar-se conta, ele consegue retomar o caminho inicial onde via a luminosidade dos raios do sol que refletiam na saída. Ele sente-se mais aliviado e caminha lentamente, quando, mais uma vez, ocorre outro abalo do vulcão .O chão treme muito, e as pedras das cavernas vão se precipitando. Ao ver que poderia ficar encurralado para sempre, começa a correr desesperado. Algumas pedras vão caindo em direção à sua cabeça, e ele, em uma desesperada busca por salvar sua vida, tenta-se livrar do perigo, apressando cada vez mais os passos em direção à saída da caverna. Quando chega perto do final, e sua liberdade é iminente, vai caindo a grande pedra que tamparia de vez a caverna. Mergulha no ar, ao mesmo tempo em que a grande pedra começa a despencar. Jones sabia que suas possibilidades de passar pela fenda eram muito remotas, mas preferiu arriscar. Neste exato instante, a grande pedra cai, porém congela-se no ar por algumas frações de segundo - tempo suficiente de Jones sair são e salvo para o outro lado de fora . A trepidação fez com que os blocos de pedras unissem para sempre todas as fendas. As frestas e todas as formas de acesso de entrada ou saída da caverna estavam hermeticamente fechadas.

Capítulo 6 : De volta pra casa


Havia algo misterioso naquele lugar.A paisagem diferenciava-se do grande vale onde Jones estava antes. Mas não deixava de ter uma beleza peculiar e exuberante. Notou que havia atravessado alguns quilômetros por de baixo da terra, nos canais subterrâneos, e agora, encontrava-se no outro lado da montanha , no extremo oposto.Já estava no findar de tarde, então Jones resolveu caminhar até o desfiladeiro, pois ao longe podia observar estranhas labaredas expelindo ao alto, em constantes intervalos.Ao aproximar-se da encosta percebeu que o vulcão estava em atividade e as lavas desciam suavemente ao encontro ao mar, engolindo tudo mais o que estava em sua frente. Diante de todo perigo eminente, a beleza do fenômeno natural, o deixava em estado de êxtase e o fascinava. O vulcão começa tornar-se mais ativo à medida que os abalos se intensificavam. Não demorou muito, e lá do alto da encosta, viu uma grande fumaça escura, de fortes gases de enxofre atingir uma grande altitude e se espalhar por toda a ilha. Logo, um estrondoso estampido - as chamas incendeiam o céu e o vulcão ao ponto de desaparecer com toda ilha .


Vendo todo aquele cenário caótico e apocalíptico, Jones olha em direção as matas densas um estranho pulsar luminoso por entre as árvores. Deduz que algo importante ocorre naquela mata - eram as mesmas formas luminosas que ele vinha seguindo por todo este tempo, mas não compreendia o seu significado. Apenas intuía que existia uma forte ligação com o desaparecimento do realejo. O tempo da ilha extinguia-se aos poucos. Os tremores de terra criavam enormes crostas que se abriam no solo .O sol estava para se pôr quando o pequeno garoto chega ao centro da mata. A caixa musical estava colocada em cima de uma pedra de suporte, ornamentada e esculpida com escrituras de símbolos estranhos. Neste tempo, as luzes que ofuscavam a mata escura se apagaram.


A escuridão ao redor se estabeleceu. Em cima da pedra, somente o realejo emitia alguns sinais de luz, mas com pouca intensidade. Surge, então, um ser muito pequeno que vai em direção a Jones, que permanecia agachado por sobre as copas das árvores com o olhar petrificado.Quando apareceu o líder que representava o povo da mata, este, tratou logo de alertá-lo e de esclarecer sobre os perigos que estavam correndo naquele instante. A ilha, o arquipélago e todo esse mundo estavam chegando ao fim. E o tempo era curto, pois a hecatombe se realizaria no momento em que as trevas cobrissem os últimos raios de sol.A presença do menino naquele mundo paralelo, abalou o equilíbrio sísmico, provocando uma ruptura no coração da ilha regida pelo grande vulcão que originou este universo. Os seres da ilha sabiam que o realejo encantado estava destinado a Jones . Ele tinha sido colocado em uma velha loja de antiguidades por um dos representantes da ilha, durante a madrugada, e lá permaneceu sem ser notado por nenhum dos funcionários. Um dia, um senhor colecionador de antiquários e dono de uma companhia de circo, foi a loja e adquiriu alguns objetos, entre eles, um velho realejo. O dono era justamente aquele que levaria a sua companhia para se apresentar no vilarejo de Jones.Então diz o mestre ao pequeno herói: - Sabíamos que você iria ao parque, mas houve um acidente que não estava em nos nossos planos. Era para você pegar o realejo e levá-lo junto a você. Ao fechar a tampa daquele velho baú em sua cabeça, você ficou desacordado e nem imaginou que ocorreu após o incidente. O artista que foi averiguar o ruído causado pela tampa, sem querer, deixou o fogo da lamparina cair sobre um rastro de pólvora que seguiu até a caixa de explosivos. Com isso, todos as pessoas que se alojavam dentro da lona do circo tiveram um trágico desfecho em suas vida. Você foi sugado para o nosso mundo, pois estava ao lado do realejo encantado.Seu mundo agora corre riscos. Nós enviamos o realejo para que trouxesse mais equilíbrio entre as pessoas que ainda podem ser salvas pela música. Sabemos que o seu mundo segue agora um triste e doloroso fim. Mas queremos é despertar a alegria que cada pessoa guarda dentro de si. O mundo terá guerras de fortes destruições em massa, bombas atômicas com o poder de aniquilar nações inteiras do mapa. As poluições afetarão o meio ambiente, o efeito estufa dissolverá a camada de ozônio, afora as constantes manifestações naturais de furacões e gigantescos maremotos que varrerão populações indefesas, causando danos irreparáveis.Nossa função é lutar para retardar o processo antiecológico em seu planeta, mantendo a ordem e o equilíbrio da biosfera, impedindo que a desordem do seu mundo acabe influenciando diretamente em nosso.


Aos poucos, todas as criaturas ali presentes vão aparecendo novamente, culminando, mais tarde, com muitos os seres que surgiam de todos os cantos. As criaturas agregavam-se perto de Jones, que não compreendia o porquê de toda aquela aglomeração ritualística. O líder solicita que o menino obtenha novamente o realejo, pois era seu de direito. Explicou que neste mundo, todos estavam torcendo pra ele realizar a empreitada com sucesso, e ponderou que em todos os instantes o menino estaria a aprender algo de novo, principalmente nos momentos de perigos. E justamente nos momentos de emboscada, o seu subconsciente, estaria controlando o realejo encantado sem que o próprio menino percebesse. E os poderes de sua mente possuíam o poder de interferência no realejo, controlando o reino animal , vegetal e mineral. Era chegado o momento crucial, o sol estava quase se pondo, Jones segurava firme a caixa musical e todas as criaturas olhavam para ele . Mas não sabia o que fazer ,apenas agarrava o realejo, olhando para o horizonte, ainda com resquícios de fumaça vulcânica. Agora, aparentemente havia uma trégua, os tremores cessaram, mas sentia que havia algo muito temível no ar, que a cada descida do sol transmitia a todos uma angústia impiedosa. O mestre dos pequeninos seres luminosos, aproxima-se dele e pede para começar a girar lentamente a manivela do realejo. Seguindo a instrução, Jones vai girando suavemente o cabo de aço. Neste exato momento, o vulcão lança sobre o céu uma incrível flama de labaredas e rebate um enorme estrondo.


Agora, Jones não temia o fim , apenas sentia-se confiante e girava com mais rigor de movimento. De repente, consegue escutar o som emitido pelo realejo encantado. De súbito, raios coloridos emanam da caixa musical. Transformando as notas musicais em cores que apontavam em direção ao céu, fazendo nascer um enorme e magnífico arco-íris. O chão parecia desmoronar e as lavas derretiam por todas as encostas por que passavam. Na última centelha de raio de sol todas as criaturas embarcam naqueles feixes de luz gerado por Jones e o Realejo, desaparecendo no horizonte sem-fim. O mundo estava pra acabar e todas as criaturas da floresta atravessaram seus deslizando seus corpos no arco-íris rumando a outra dimensão.


O pequeno herói ainda executava as mágicas melodias, quando o vulcão entra em sua total erupção, o tremor rompe na metade da ilha e um terrível maremoto, aos poucos, vai afundando-na. O magma expande-se com toda a sua força, empurrando toda a lava para o alto. Não bastou muito, e por fim, a grande explosão emana pelos ares.

Capítulo 7 : Despertar do sonho


A companhia Del Mundo saía da cidade pela manhã. Todos os funcionários e artistas estavam em seus camarins do trem que os trouxera até a cidade. Os desmanches dos brinquedos de diversão havia começado logo que o parque fechou. A estrutura e a lona do circo foram desfeitas no meio da madrugada. Tudo foi colado nos vagões de carga. O trem estava pronto para partir e muitas pessoas foram à estação ferroviária despedir-se dos artistas e do apresentador, responsável pelo grande evento que a cidade prestigiou e jamais esqueceria por um bom tempo. O sucesso em Rio das Pedras foi tamanho. Levaram, inclusive, uma bandinha de marchas para a despedida da companhia.O apitar da locomotiva dava sinal de que era chegada hora de partida . E os vagões foram se indo embora. O trem carregando um mundo de sonhos e fantasias começava a sumir, em rumo as cadeias de montanhas ao longo da estrada de ferro. A próxima cidade ficava mais ao norte, nas cadeias montanhosas, situada além das fronteiras do país .Jones acorda sentindo muitas dores de cabeças. Uma ligeira impressão de que já havia estado ali, naquele espaço, tomava conta de sua mente. Em um forte impulso, toma coragem e joga-se agarrando ao realejo do circo que estava ao seu lado e pula para fora do trem.Nesse instante, ele encontrava-se há poucos quilômetros do seu vilarejo . A sua caminhada estava chegando ao fim e o caminho de casa, agora, estava perto. Era o começo da tarde quando chegou em seu lar. O seu avô preparava-se para trabalhar na pequena praça. Houve muita alegria de seu avô, pois estava apreensivo com o seu desaparecimento repentino na noite anterior. Intrigado, indagou ao neto onde ele tivera passado a noite e onde havia arrumado a caixa do realejo.Jones explicou que tinha sofrido um acidente dentro do parque e, quando acordou, estava embarcando em um vagão de depósitos do trem que rumava para outra cidade. Explicou, também, que achara um velho realejo jogado no depósito de lixo nos arredores do Rio das Pedras quando caminhava no início da tarde. O velho Sebastian apesar de achar a estória estranha e aparentemente desconexa, acabou aceitando e beijou e abraçou muito seu neto por estar são e salvo.

Capítulo 8: O grande Jones


Ao explodir a ilha, no mundo dos sonhos, Jones foi lançado de volta , no exato momento em que a tampa do baú bateu em sua cabeça, deixando-o em sono profundo. A lamparina lançada em direção aos rastros de pólvora por um dos integrantes do circo havia sido apagada por uma misteriosa forte e gelada corrente de ar.E o artista leva um pequeno susto e logo retorna ao seu alojamento. Pensou logo em ser algum pequeno animal que tivesse causado o ruído.Jones é trazido de volta no tempo e a sua vida segue como a de uma criança normal. Com o passar do tempo, através de seus estudos com a ajuda árdua de seu avô consegue estudar em uma grande Universidade de um país vizinho. Jonatham Wilham Jones, gradua-se, tornando-se um renomado físico e notório professor. Faz parceria com alguns cientistas e lança-se num projeto de pesquisas sobre a teoria quântica. Nos momentos de lazer, voa em seu balão, projetado por ele em sua casa de campo.

Capítulo 9 : A Visita de Sebastian


Já fazia algum tempo que não visitava o seu avô. Sebastian estava bem velhinho e seguia a vida tocando seu realejo na mesma praça do vilarejo. Continuava a mandar uma certa ajuda financeira ao avô e passava a maior parte do tempo ocupado em seu trabalho que lhe tomava muito tempo.Certo dia, quando estava em sua casa de campo, pronto para decolar no balão, recebe a visita de seu avô. E para sua surpresa, ele trazia uma mala sob o formato de uma caixa .Ao abri-la ,J.W.Jones reconhece o realejo. Quanta surpresa! A caixa musical agora estava toda restaurada e brilhando. Porém, não entendia o porquê de seu avô trazer-lhe o realejo, pois não havia mais sentido naquilo que tinha sido apenas um brinquedo. Ficou agradecido e o convidou-o para passar o final de semana junto a si. Jones desiste do vôo , para dispor mais tempo ao avô.A noite, no jantar, o neto indaga o velho acerca de seu trabalho, sobre como ele conseguia manter-se ativo durante tantas horas, estando naquela idade. Desejava saber o segredo de tanto vigor físico. O avô virou-se para ele, dizendo que o vigor provinha da força do realejo que o acompanhava por quase uma vida toda. Cético, J.W.Jones desdenhou, dizendo que era bobagem, e que isso não era possível. Mas o avô insistia:- o realejo pode mudar sua vida interior e deixar você uma pessoa calma e tranqüila, e ainda podendo ajudar a os outros.Paul Sebastian conversa boa parte da noite sobre a caixa, dizendo-se ser um membro honorário de uma organização secreta, visada a manter em sigilo todos os possuidores dos realejos encantados. E eis que tinha em suas mãos um objeto completamente diferenciado sob alcunha deveras majestosa. Contou que, quando menino, tinha sonhos incríveis com realejo, e já sabia que o neto havia passado por algo semelhante.

Capítulo 10 : De volta no tempo (The End)

Ao ouvir toda conversa do avô, Jones olhou para os lados tentando conter-se para não gargalhar perante o avô. Apenas concordava para agradá-lo ao máximo naquela conversa que achava verdadeiramente absurda. Ao amanhecer, Jonatham Wilham Jones ,vai até o quarto ao lado acordar o seu avô, porém, o velho Sebastian havia aprontado suas malas e ido embora para seu vilarejo.Sem muito o que fazer , resolve inflar o seu balão para mais um dia vôo. Em casa, vai ao lavabo e diante do espelho e começa a pentear seus longos bigodes e amparar a sua barba. Neste meio tempo, começa o ar ficar muito úmido e vapores condensados invadem o banheiro.O espelho fica embaçado. Um clima sombrio e escuro toma conta de toda a casa. A névoa continua a sair de dentro do realejo majestoso, e o ar torna-se rarefeito. Em seguida, ao deparar-se com o espelho, vê-se entrando em um túnel misterioso - bolhas em sua volta emergem do fundo de um mar. Sua visão consegue adentrar em uma caverna e vê um lindo lago submergido em estranhas galerias.O transe o permite flutuar e ao suspender-se no ar, visualiza incríveis tonalidades de nuvens no alto do céu. Estava vivenciando algo que havia esquecido em algum lugar do tempo. .Eram apenas esparsas imagens, nesse fantástico quebra – cabeça de paisagens e situações que apareciam-lhe de relance . Ao olhar um turbilhão de águas borbulhando refletido do reflexo do lago, uma imagem de uma criança, aos poucos, foi tomando uma forma mais definida. Ao perceber ser ele mesmo quando criança, começou a sair do transe e a neblina rapidamente esvanesceu-se da casa.Ainda em estado de choque, foi recordando-se da conversa que tivera com o avô, percebendo que o diálogo, na noite do jantar, fazia realmente sentido. Mais tarde consegue lembrar-se da última conversa com o líder dos seres luminosos que habitavam aquele mundo pararelo


Agora estava tudo claro e definido para Jonatham Wilhams Jones, seu mundo estava ligado ao realejo majestoso. Sua missão não era ser um cientista de notável carreira, e sim, como tocador de realejo. O objeto era muito especial e, de fato, o avô tinha razão. Ao pegar realejo com toda firmeza, notou que os mecanismos haviam sido reparados, levando-o, então, cuidadosamente para dentro do balão.
Ao chegar a uma certa altitude, começou a manusear o realejo, girando suavemente a manivela. Neste instante, milhares de pássaros começaram acompanha-lo. Dentro da caixa musical, luzes coloridas irradiavam em torno do céu sob uma forma de arco até o horizonte. Os matizes de cores múltiplas transformaram-se em um magnífico arco-íris. O pleno momento de felicidade estava completo: sentia-se o verdadeiro merecedor do realejo majestoso.
O toque magistral do seu instrumento agora estava pronto a atingir os corações das crianças, transformando as pessoas amargas, em indivíduos desejosos por sorrir pela vida. As pessoas individualistas seriam transformadas em seres mais compreensivos e o forte poder emanado pela vibração da música, encantaria a todos que o ouvissem. A vida agora teria mais sentido para ele, pois onde quer que ele fosse, haveria sempre pessoas o esperando com tratamento de boas vindas.
O balão estava sendo guiando pela mão firme de Jones rumo ao leste. Sua grande jornada estava apenas começando e mais uma grande aventura estava por vir. Cheio de esperança, agora ele sonhava acordado tocando o grande realejo majestoso. Desbravando continentes, montanhas e oceanos, o balão vai se indo e sumindo aos poucos na linha do horizonte.