:: enfim, apareceu aquele pôr do sol...

8.12.06

Capítulo 2 : Indo no Trem.


Percebendo um movimento estranho, Jones reparou no trepidante balanço do assoalho e, de repente, consegue desvencilhar-se da cerrada tampa do baú e, para sua a surpresa, o realejo estava junto a si. Logo, viu-se dentro de um misterioso vagão de trem da companhia Del Mundo que rumava a um próximo povoado.Ao desembarcar na cidadezinha, notou que lugar onde estava era deveras parecido com o local onde morava, e que todos os preparativos da companhia estavam sendo organizados tal qual em seu vilarejo.Ao entrar no parque,percebeu,que a melhor idéia era permanecer dentro do baú .Tudo era maravilhoso,havia brinquedos,pipocas,algodão doce,maçãs do amor,amendoim à sua disposição igual na sua .No circo tudo era fascinante,porém notou que as apresentações dos palhaços lhe causavam um leve mal estar,mas ele não da muita importância, pois, de maneira geral,achava que estava vivendo um grande sonho.Na manhã seguinte, encontrou-se novamente no vagão do trem e deduziu estar indo para um lugar diferente. Ao chegar, teve uma grande surpresa, pois encontrava-se no mesmo local do dia anterior, mas não deu muita importância, e para não ser notado, resolveu entrar no parque às escondidas dentro do baú.Os dias foram passando e aquela interminável alegria, aos poucos, se esvaía. E a rotina de Jones configurava-se como um mar de enfado. Já não mais agüentava ver o número dos palhaços, pois aquilo lembrava muito seu avô tocando realejo, e sentia uma imensa vontade de estar perto dele.Ao notar que estava sempre no mesmo lugar,ouvindo sempre os mesmos aplausos, as mesmas gargalhadas e os repetitivos números circenses, notou haver uma estranhava coincidência - um ciclo repetitivo dos acontecimentos.No outro dia, o trem rumava e, mais uma vez, a mesma cidade. Ao ouvir uma voz interior. teve em um ímpeto de certeza de querer romper, mais do que nunca, a repetição que o prendia. Sacou do baú o realejo, e lançou seu corpo junto a caixa musical para fora do vagão de trem.Declive abaixo, Jonas rolou em suave vegetação, segurando o realejo, conseguindo, dessa forma, libertar-se do ciclo do mundo dos desejos. Ouviu a mesma voz novamente:“Não temas por onde andares. O deserto é tua estrada.Vais encontrar um alguém dentro de ti que fará com que tu não te percas. Nunca esqueças da noite e das estrelas do céu, um frio que corta na alma e da escuridão que devora. O mesmo sol que vagueia o dia poderá te encaminhar a um caminho frio e até mesmo conduzir a um abismo ou te levar à loucura.Há um alvo que eu vejo bem no fim do túnel. Não há tempo a perder. A estrada é longa e o vento bate atrás com toda a força pra fazer voar.O ar é a imensidão e haverá um lugar inesperado.Se houver um motivo a mais,não volte para trás. A certeza existe e ela irá despertar e brotar no seu coração.”